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A Sexualidade na Doença Mental / A importância da Educação Sexualizada


Comecemos por algumas definições com interesse; primeiro a definição de Saúde, em geral que segundo a Organização Mundial de Saúde é -“Estado de completo bem-estar Físico, Psicológico e Social” (1948).
O conceito de saúde mental inclui o bem-estar subjectivo, a autoconfiança, a autonomia, a competência, a dependência inter-geracional e a auto-actualização do potencial emocional e intelectual do indivíduo (WPA) embora do ponto de vista intercultural seja praticamente impossível definir saúde mental. Por último a definição de Saúde Sexual que segundo a Organização Mundial de Saúde (1975) é a “ Integração harmoniosa dos aspectos somáticos, emocional, intelectual e social do ser sexuado, de forma a enriquecer a personalidade, a comunicação e o amor.”


Sexualidade é uma realidade global que envolve toda a personalidade humana ao longo da vida como uma energia que nos motiva a procurar contacto, afecto, prazer, bem-estar e que influencia sentimentos, pensamentos, acções e interacções, com as seguintes dimensões integrantes: Biológica, Psico-afectiva, Comunicativa, Ética, Sociocultural e política.
Ao longo da vida vamos recebendo informações de um complexo novo que nos rodeia, pais/família, Professor/escola, médicos/enfermeiros/psicólogos-centro de saúde, ou até através de outros meios tais como os media, igreja, etc.. Assim o comportamento sexual humano é definido por muitos ambiente e pessoas, que influenciam o processo educativo. Por isso é importante a implementação da educação sexualizada, processo através do qual a pessoa se desenvolve enquanto ser sexuado e sexual, por intermédio de um conjunto de acções estruturadas e formais - a educação sexual explícita e, simultaneamente, de um conjunto de acções não estruturadas e informais - a educação sexual implícita. Uma vivência positiva e responsável da sexualidade pressupõe uma aprendizagem ao longo da vida, baseada no crescimento e na autonomia individual visando uma integração harmoniosa no conjunto do projecto de vida. Ainda que muitas vezes não tenham disso consciência, todas as pessoas ao longo da vida e quotidianamente fazem e recebem educação sexual nos vários espaços sociais em que intervêm – Educação sexual implícita.


O papel da educação “sexualizada” que na sua essência começa a partir do nascimento e que explicitamente deve começar na escola primária, antes das crianças chegarem à puberdade. Materiais e métodos educacionais devem estar relacionados com conceitos reais e com os verdadeiros interesses dos jovens e em que é necessário o envolvimento de toda a comunidade incluindo pais, religiosos e líderes da comunidade. Deve pois ser aproveitada a capacidade dos média para informar e esclarecer os jovens e dos serviços de saúde que devem estar abertos para os jovens e onde deve ser feito o aconselhamento contraceptivo, casados ou não, desde que tenham necessidade deles. Não se faz educação sexual por decreto – é necessário conhecimento, empenho, motivação, tolerância, nem se forma um indivíduo com o somatório de várias cassetes mas sim com um Educador/Formador motivado. Esta educação aberta e formativa é importante na criação de indivíduos amadurecidos emocional e sexualmente.

Há variados factores que influenciam um negativamente o percurso sexual de uma pessoa e consequentemente podem estar na base de disfunção sexual, como por exemplo o conjunto das perturbações de ansiedade e de humor (sobretudo depressão). No caso das perturbações do espectro ansioso destacam-se a perturbação de ansiedade generalizada, as fobias, os problemas de adaptação, o pânico e as obsessões.
Sempre que a ansiedade aumenta e se torna patológica surge uma situação disfuncional sexual de qualquer fase do ciclo de resposta – disfunção eréctil, da excitação, do desejo, ou do orgasmo ou do período de resolução. Problemas emocionais e disfunção sexual ou alterações da libido estão quase sempre associados,
No caso perturbações afectivas temos que identificar as variações para o lado de euforia/depressão. No caso de uma crise de hipertimia/mania podem surgir comportamentos tais como a desinibição sexual, promiscuidade, risco de gravidez indesejada e até risco de DTS. Nas perturbações afectivas do lado da depressão, pode haver problemas sexuais e problemas emocionais; a disfunção sexual ou alterações da libido estão quase sempre associados. O aumento dos problemas sexuais em doentes deprimidos em tratamento, é sobretudo devido à manutenção dos problemas emocionais e não existe diferença na prevalência de problemas sexuais de qualquer tipo entre os doentes tratados com psicofármacos e os tratados apenas com psicoterapia. No caso dos deprimidos na literatura são referidos problemas sexuais de algum tipo em 26% de indivíduos normais, 45% de doentes deprimidos não tratados e em 63% de doentes deprimidos tratados. O aumento dos problemas sexuais em doentes deprimidos em tratamento, é sobretudo devido à manutenção dos problemas emocionais.

 
Nas situações neuróticas há um predomínio de ansiedade (no homem - disfunção da erecção e na mulher - disfunção sexual geral), de tristeza (depressão, desinteresse sexual, diminuição do desejo sexual), de obsessão (desinteresse sexual e medo de contaminação) e dissociação/conversão (disfunção sexual geral e disfunção orgásmica).
Quando consideramos as perturbações mentais temos também que considerar as manifestações psicóticas (em que há perda do juízo critico) como a esquizofrenia. Nesta situação clinica psicótica devem ser consideradas 3 fases: a fase aguda (agitação, isolamento), fase crónica (desconfiança, cristalização delirante) e a fase de remissão onde a importância da medicação antipsicótica e o problema da adesão ao plano terapêutico levam a efeitos sobre a sexualidade. Temos a avaliar a sexualidade nos diferentes momentos da evolução das doenças. Na evolução – compensada – importância de retomar a função e o prazer sexual - Na evolução deficitária – desinteresse e falta de “elan“ vital. Também é necessário avaliar a sexualidade. Deve ser também valorizado o efeito medicamentoso e a importância da atenção e carinho a dar ao doente ? Melhoria de auto-estima e por último o Uso de métodos contraceptivos eficazes em período fértil.

No caso de uma gravidez os problemas sexuais podem agravar-se devido ao “descuido” de ambos os parceiros. Existe um período de risco para saúde mental e saúde sexual: aceitação/ rejeição da gravidez (os primeiros movimentos do feto); incidentes/acidentes durante a gravidez (somáticos: ameaça de abortos, etc. ou psicológicos: prevenção, acompanhamento pelo pai da criança, transmissão de afecto e manutenção da relação sexual após indicação médica). A maternidade e a paternidade condicionam um período de transição no seu desenvolvimento emocional no sentido da maturidade. Se casal com estrutura frágil e/ou neurótica enfrenta uma possibilidade de rotura e se o parceiro se sente com ciúmes da ligação excessiva que a mulher tem com o filho a saúde sexual e a saúde mental podem estar em causa. Por isso a boa recepção do filho pelos pais e familiares e o reinício das relações sexuais normalmente são factores fundamentais para uma futura relação feliz e sem sobressaltos.
A análise das circunstâncias em que a disfunção sexual apareceu e se mantem é essencial para estruturar um tratamento da reversão.


Um dos aspectos mais importantes pelo qual o homem se distingue dos outros seres vivos, é pela possibilidade de desenvolvimento da sua capacidade de relações afectivas e de amor, que condicionam constantemente a sua vida sexual/saúde sexual e a sua vida mental/saúde mental.
O sexo deve ser um elo de completa satisfação entre duas pessoas afectivas, que dele emergirão despreocupadas, felizes e desejosas de o reforçarem no tempo.
É impossível atingir sexo de alta qualidade sem amor e sem dar algo de si. Isto significa saber dosear os impulsos e as interrupções, a rudeza e a ternura, o esforço e a afeição.
Uma melhor relação com o corpo, como veículo de comunicação de sentimentos positivos, negativos e do amor permite a redução de neuroticismo e dos fenómenos de culpabilidade/culpabilização. Ambiente de abertura na família e escola – detecção precoce de dificuldades do indivíduo em crescimento em relação a si e ao contacto social.


Uma educação sexual compreensiva leva a uma maior responsabilidade no comportamento sexual e as culturas em que a culpa é minimizada estão mais capazes de lidar com a saúde sexual de um modo eficaz. A saúde sexual não é só um assunto individual – a chave determinante da saúde sexual é socialmente inspirada. A educação sexual deve começar na família e escola primária, antes das crianças chegarem à puberdade. Deve-se treinar professores, trabalhadores da área da saúde e da comunidade na problemática sexual e de relacionamento interpessoal dos jovens. É necessário o envolvimento de toda a comunidade, incluindo pais, religiosos e líderes da comunidade. Uma correcta educação sexual é uma das mais eficazes medidas preventivas das disfunções sexuais.


A sexualidade na adolescência pode potenciar a alguns factores de risco devido ao aumento da actividade sexual; o início da puberdade em idade precoce, o casamento mais tardio, a migração dos jovens para as cidades e a informação má ou insuficiente, são factores cruciais no desenvolvimento “anormal” no que respeita à sexualidade.
Assim se pode avaliar a importância de progressos da educação sexual/sexualidade desde a primeira infância, extensivos a jovens e professores, para que se possa atingir uma adequada Saúde Sexual e Saúde Mental.

“UMA CORRECTA EDUCAÇÃO SEXUAL É UMA DAS MAIS EFICAZES MEDIDAS PREVENTIVAS DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS” A. Palha

António Pacheco Palha
Professor Catedrático de Psiquiatria Jubilado da FMUP
Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental


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